25 novembro 2005


Irecê / BA - Dezembro de 2004
Fotografia: Raphael Paiva
Matando a sede no lixão. Com água do lixão.
A novidade que tem no Brejo da Cruz é a criançada se alimentar de luz. Alucinados, meninos ficando azuis e desencarnando lá no Brejo da Cruz. Eletrizados, cruzam os céus do Brasil na rodoviária assumem formas mil. Uns vendem fumo tem uns que viram Jesus, muito sanfoneiro cego tocando blues. Uns têm saudade e dançam maracatus, uns atiram pedra outros passeiam nus. Mas há milhões desses seres que se disfarçam tão bem que ninguém pergunta de onde essa gente vem. São jardineiros, guardas noturnos, casais... são passageiros, bombeiros e babás. Já nem se lembram que existe um Brejo da Cruz, que eram crianças e que comiam luz. São faxineiros, balançam nas construções. São bilheteiras, baleiros e garçons... já nem se lembram que existe um Brejo da Cruz que eram crianças e que comiam luz.
Brejo da Cruz - Chico Buarque / 1984Posted by Picasa

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